4 poemas de marcos samuel costa
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| fotografia de marcos samuel costa |
chamado: “Vidas passadas”
foi lançado em janeiro de 2024
é um filme de Celine Song
sul-coreana-canadense
que mora nos Estados Unidos
da Celine
os que querem
comandar o destino imprevisível da
vida
com diálogos profundos
que o tempo é um presente
que sempre acabamos perdendo
tecido com precisão
e desespero
em especial um deles
em que um personagem
pergunta para o outro
a primeira sonhara na infância
quando criança pensava
em ser cineasta
e mal havia assisto a quantidade
de filmes que gostaria
que sempre sonhei
há uma ideia fixa sobre
qual vida queria ter
cursar Letras
de literatura
não pesquiso literatura
presente precioso
o meu de formas não tão certas
me levaram para as cenas
não tão lentas
de um filme que vem de mim mesmo
que percorre três paisagens
passa rapidamente pelo Canadá
e se estendo pelos EUA
na pele de uma pedra
escritos assim
muito cedo nessa manhã
chovia
se noticiam que
a poeta Adília Lopes morreu
que morre
um pedaço de terra portuguesa
também
em Portugal
as plantas
os poetas
todos os dias se morre
completamente
mesmo que tivéssemos
a visão
o tato
a audição
veias
artérias
era assim que minha bisa narrava
a morte para minha mãe
dentro de um pote de xarope
afastar pragas
formigas
baratas
grilos
era assim que minha bisa narrava
a morte para minha mãe
uma semente que também é serpente que
também entra no sangue
com os amigos que não são mais amigos
nem um poema
ou nota
sanaram as feridas e o veneno
nada disso importa
de um álbum de fotografia
no quintal
poema que fale sobre a morte de Adília Lopes
penso no medo que eu tenho de morrer
o medo que todos nós temos
caminhava na minha
direção e eu caminhei ao seu encontro
ambos estavam cheio de venenos que
ambos estavam sofrendo
ela não iria me matar e eu não iria matá-la
mas que outra doença
poderia ser pior da que
já estamos enfermos, penso
Marcos Samuel Costa nasceu em Ponta de Pedras/Marajó/Pará. É de origem ribeirinha. Foi finalista do Prêmio Mix Literário em 2021 e 2023. Venceu o Prêmio Dalcidio Jurandir 2019 e foi semifinalista do Prêmio Oceanos 2024. Livros publicados: Dentro de um peixe (Romance, ed. Folheando 2019), O cheiro dos homens (IOEPA 2021), No próximo Verão (poemas, ed. Folheando, 2021), Os abismos (poemas, ed. Folheando, 2022), Os desertos (poemas, ed. Folheando, 2023), Os vulcões (poemas, ed. Folheando, 2024), Sol forte na pele (contos, ed. Folheando, 2023) e Óculos escuros (contos, ed. M.inimalismo, 2024). Além disso, mantém o podcast “Paisagens”. Faz parte da antologia "Homem com homem: poesia homoerótica brasileira no século XXI" com organização de Ricardo Domeneck (ed. Ercolano, 2025).


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