Graus - marcos samuel costa

 

Série "Pardo é Papel", de Maxwell Alexandre (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue
Série "Pardo é Papel", de Maxwell Alexandre (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue


Graus
 

Igor era mais novo que eu coisa de um ano mais-ou-menos, mas era muito mais sacana, esperto e fazia amizades com os garotos mais velho, diferente de mim, garoto crente que vivia entorno da-saia-da-mãe. Nossas mães eram amigas da igreja, e vez ou outra eu ia para a casa dele. Eu acabara de fazer doze anos, ainda não havia muitos pelos nas minhas partes íntimas, e nem na dele, mas era visível que algo começava a mudar nessas partes. Estávamos no pátio da casa dele, a-tira-roupa Igor me perguntou se queria ver o pau dele, não respondi, fiquei calado, e ele tirou-o para fora, era pequeno, negro, bonito, gostei de ver, odiei olhar, estava confuso e não sabia como reagir. E ele pediu para ver o meu, fiquei com vergonha, muito orgulhoso me mostrou os pelos que nasciam nele, ainda ralos e mínimos, disse que passava cebola podre para crescer rápido, um primo mais velho o havia ensinado, insistiu para ver o meu, insistiu, mas não conseguia, a vergonha era maior. Não mostrei. Cansado daquilo, Igor pegou a minha mão e colocou no pau dele, que ficou firme e duro. A temperatura do meu corpo ficou altíssima. Eu gostei, ele disse: “É bom não Juarez”.






Marcos Samuel Costa é natural de Ponta de Pedras, Ilha de Marajó (Pará). É um dos principais autores de sua geração, conquistando importantes prêmios em sua carreira literário. Ganhou o prêmio Dalcídio Jurandir, com o romance "O cheiro dos homens". Foi finalista do Prêmio Mix Literário em 2021 com o livro de poemas "No próximo verão", este vencedor do Prêmio Literatura e Fechadura, e em 2023 com "Os desertos" também semifinalista do Prêmios Oceanos 2024. Além disso, venceu o Prêmio Uirapuru de literatura 2021 e foi jurado do Prêmio SESC de literatura em 2021 na categoria contos.

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