três poemas de marcos samuel costa

 



Da madeira, da árvore,
 

(Para Milton Rosendo)
 
Antes da última:
porta
da madeira
da árvore
da própria semente
um caos em forma
de silêncio
entre o crânio: cal
fogo os murmúrios
do gato engolem
as três horas do dia -
tudo é noite
e silêncio
no mar tímido
da paixão avassaladora

2021
 
 
 
 
dragão sem fogo
 
fora da casa:
gritos crianças e espirros
sem voz
dragão sem fogo
respira tão
lento que não incendeia
lâmpadas vibram
na hora das folhas
cinzas do barro
apenas catástrofe
no coração

2021


A gata

 

Lacunas epitáfios
desde a manhã
sobre as árvores
                         pé de manga baixinho
 
felino feminino
& fatal,
a gata vinha no seu cio
 
lagarto entre seus sonhos
vermelho sol
 dia crescia forte no céu
 
        fotossíntese
                     nas folhas verdes
de suas mágoas
a gata
              gat-
a teve gosto de passado
nostálgico 
 
II
 
Levante de ti garganta
profunda
flores secas do telhado
        esmalte trincado
cinzas de mar profundo
  
        (o gato preto
(o leite branco,
           o amor dos leões)
 
      Língua de lixa
amo-te em tuas farsas

 
III

 

Olho-te via constelações

       apagado

filhotes caminham na cozinha

            preto

             branco

     preto-e-branco

                    branco-e-preto

cinzas


2015


Marcos Samuel Cost

a
é um escritor marajoara, com destaque nacional (ganhou o Prêmio Internacional de poesia Literatura e Fechadura 2020,  finalista do prêmio Mix Literário 2021 e primeiro lugar no concurso nacional Prêmio Uirapuru 2021, na categoria contos).
Com uma obra formada por poesia, conto, romance e literatura infantil, o autor tem se destacando pela versatilidade da escrita.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas