O COMUNISMO ATUAL É O “BOI DA CARA PRETA” DO CAPITALISMO (I) - Manoel M. Tourinho; Manoel Moacir C. Macêdo; Gutemberg A. D. Guerra




 O COMUNISMO ATUAL É O “BOI DA CARA PRETA” DO CAPITALISMO (I)

Manoel M. Tourinho; 

Manoel Moacir C. Macêdo; 

Gutemberg A. D. Guerra



           Faz tempo que falamos das contradições do capitalismo, conversando com as nossas consciências históricas e perguntando a nós mesmos: o comunismo no Século XXI existe ou se trata apenas de mais uma criação do modelo de produção capitalista para afugentar a simples possibilidade de pensar alternativas à sociedade?

O capitalismo é assim: não quer concorrência. Até as religiões nos planos material e espiritual são obrigadas a formular suas teses de salvação afastadas da humildade, da solidariedade, da renúncia do consumismo e da acumulação. Inventada a teologia da prosperidade, o “capitalismo igrejado” afasta a pobreza e o pobre da mínima chance de salvação. Para entrar no Reino de Deus o ingresso é a renda anual. Quanto maior, mais assegurada está a salvação. Evidencia fartamente demonstrada, pela teoria formulada por Max Weber na “ética protestante e o espírito do capitalismo”. 

No amplo espectro das contradições capitalistas, os ricos e donos do poder político contemporâneo usam a palavra “comunismo” como sinônimo de violência, supressão de liberdade e direitos. Existe a partir dos meios midiáticos controlados pela elite nacional capitalista, uma enorme capacidade “camaleônica” e disfarçada, de transformar a violência burguesa em ato comunista. Temos escutado nas ruas, pessoas do povo falando nesse sentido. Como exemplo, que o violento e organizado ato de “8 de janeiro de 2023” não foi um movimento de origem fascista produzido pela burguesia agrário-urbana-financeira, a gritar contra a democracia, mas ações de infiltrados comunistas e terroristas, numa terra onde “Deus é brasileiro”. Escuta-se tal versão inclusive nos átrios das universidades. Um absurdo! Para uns, nessa contingência, a grande mídia é a própria expressão capitalista escondida na constitucional “liberdade de expressão”. 

É imperativo recorrer aos registros da História para evitar as heresias sobre o comunismo. Uma delas é propagar que Cuba, Rússia e China são países comunistas. Lerdo engano, embora lerdo-intencional. Trata-se de afastar das salas de aulas, do chão das fábricas, dos movimentos sociais progressistas e da ruralidade, os debates necessários sobre modos de produção alternativos ao modo capitalista de produção, fartamente lastreado na acumulação e na exclusão, principalmente dos possuidores apenas da mão-de-obra em suas variadas dimensões. 

Uma breve passagem ao conceito de comunismo assunta duas repetidas referências. Primeira a simples definição advinda dos primórdios das sociedades cristãs, inclusive as responsáveis por semearem as ideias e ideais de Jesus Cristo, num tempo de extrema desigualdade entre imperiais e súditos. De forma revolucionária e subversiva ele pregou a compaixão e a piedade perante os fracos e oprimidos. Segunda o método, forma e conteúdo, diante de novas perspectivas, inclusive fora da esfera religiosa.

Nessa perspectiva, a palavra comunismo em seu sentido literal apresenta distintos conceitos. De um lado um sistema econômico e social baseado na propriedade coletiva ou, ainda, “qualquer doutrina social, política e econômica que proponha alguma forma de propriedade coletiva dos meios de produção”. De outro, uma “teoria ou prática daqueles reformadores sociais que defendiam, por exemplo, uma vida comunitária livre de controles hierárquicos e o gozo comum da propriedade e das amenidades quer para toda uma sociedade, quer para a elite dirigente”. Alguns desses reformadores foram adeptos do anarquismo ou do sindicalismo”. O termo é também usado às vezes imprecisamente para descrever as “atividades e princípios de certos Estados ou órgãos políticos, mesmo onde não se apresentam como comunistas”. 

É importante destacar que o emblemático filósofo Karl Marx nunca escreveu sobre a implantação do comunismo em sua práxis, apesar de sua magnifica obra, “O Manifesto do Partido Comunista” de 1848, acentuar o adjetivo. O proposto nesse ensaio de opinião é modesto nas considerações sobre o comunismo atual, ficcional, usado como o “boi da cara preta” para assustar crianças, trabalhadores, religiosos e donas de casa, entre outros. Assim, abstrai-se a questão: intencionalidade do capitalismo ou desconhecimento da história? 

A grande questão do capital e dos capitalistas não está na propriedade privada, mas na problemática derivada da consciência de classe dos trabalhadores. Não é única, outras mais prementes como a substituição dos humanos pelas máquinas, hierarquia e controle externo das organizações. Ao final, não custa lembrar, a lógica reconstruída do comunismo: “de cada um de acordo com as suas habilidades e a cada um conforme as suas necessidades” já seria um avanço histórico na luta de classes.

Manoel M. Tourinho; Manoel Moacir C. Macêdo; e Gutemberg A. D. Guerra, são engenheiros agrônomos e pós-graduados em Ciências Sociais.

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