Orifícios translúcidos - marcos samuel costa
Orifícios translúcidos
1
Pelos bordados por uma
tarde
ensinamentos a João,
lição de como abrir o cu,
o menino molhado de tarde
lambia o suor caído do
corpo de véspera, seu amargo desejo
os dois experimentavam a
experiência de florir
no sêmen da gimnosperma alarida
a paixão
o cu atrativo do ser, mofando
móbile moral
(nauseabundo na estranha
carne ou apenas a transposição
de lágrimas erradas
erradas
erradas do caralho)
2
Ligação amável do corpo
masculino:
A) Beije
as duas bolas entre as pernas do homem
B) Duas
pernas a sustentar o corpo e seu amor
C) Apenas
um corpo, o corpo do teu homem
D) O
sexo vivo, pênis
o cu e o deserto são teus
caminhos
3
Antes de sair de casa
Thiago se despiu
saiu sem medo,
a estrada criva no olhar
a sonolência,
olhou um cachorro na estrada
a margem do esquecimento
do outro
a sofrer dor de ausência,
vomitou antes outras
serpentes malignas
que tornam meu corpo
pecador
4
sândalos
sândalos perfumados
& a morte do medo
Eram pela metade mas
queriam ser inteiros
tinha que sofrer, desamor
5
desses segredos nefastos
de amor
o escuro é o maior de nós
6
Foi quando todos fecharam
os olhos para João e Thiago,
entre folhas vazias
de compêndio
e o barro mecanizado
olharam para seus pelos frágeis
na barriga, relva insalubre,
calcificada pelo sal
teus lábios grandes
a respiração acelerava
o processo de ser homem
e não ser homem e não ser
mãos corriam rapidamente
no corpo
mãos muitas
mãos e nenhuma mão
mãos e muitas outras mãos
– o gozo
ensinamentos a João,
lição de como abrir o cu,
o menino molhado de tarde
lambia o suor caído do
corpo de véspera, seu amargo desejo
no sêmen da gimnosperma alarida
a paixão
o cu atrativo do ser, mofando
móbile moral
(nauseabundo na estranha
carne ou apenas a transposição
de lágrimas erradas
erradas
erradas do caralho)
saiu sem medo,
a estrada criva no olhar
a sonolência,
olhou um cachorro na estrada
a margem do esquecimento
do outro
a sofrer dor de ausência,
vomitou antes outras
serpentes malignas
que tornam meu corpo
pecador
sândalos
sândalos perfumados
& a morte do medo
Eram pela metade mas
queriam ser inteiros
tinha que sofrer, desamor
o escuro é o maior de nós
os olhos para João e Thiago,
entre folhas vazias
de compêndio
e o barro mecanizado
olharam para seus pelos frágeis
na barriga, relva insalubre,
calcificada pelo sal
a respiração acelerava
o processo de ser homem
e não ser homem e não ser
no corpo
mãos muitas
mãos e nenhuma mão
mãos e muitas outras mãos
– o gozo
Marcos Samuel Costa é escritor, poeta, jornalista e editor. Nascido na cidade de Ponta de Pedras na Ilha de Marajó, mas mora entre as cidades de Belém do Pará e Ponta de Pedras. Bacharel em Serviço Social pela UFPA e licenciatura em história na UNILINS. Atualmente edita Variações: revista de literatura contemporânea. Publicou o romance Dentro de um peixe que acaba de ganhar a 2 Edição pela Editora Folheando, o livro de poemas No próximo Verão (Editora Folheando 2021, Prêmio Literatura e Fechadura 2020) Os abismos (Editora Folheando 2022). Além disso, ganhou em 2019 o Prêmio Dalcídio Jurandir (IOEPA) com o romance homoafetivo: "O Cheiros dos homens" e o primeiro lugar no Prêmio Uirapuru de Literatura com o livro de contos "Sol forte na Pele" (Editora Folheando 2022).
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